Programa da SME contou com 7 polos para atender crianças de 0 a 14 anos e, em entrevista, os coordenadores falaram sobre a importância do Recreio nas Férias
Entre 8 e 26 de janeiro, a Secretaria Municipal de Educação (SME) promoveu a 43ª edição do Recreio nas Férias. Tendo a sustentabilidade como tema, o programa foi realizado por todas Diretorias Regionais de Educação (DREs) de São Paulo. No caso da de Santo Amaro (DRE-SA), foram centenas de crianças se inscreveram, as quais tinham entre 0 e 14 anos.
Cartaz do Recreio nas Férias, janeiro de 2024, com o tema sustentabilidade.
Para a procedência do Recreio, os organizadores dividiram os inscritos em 7 polos diferentes: para cuidar das crianças de 0 a 3 anos e 11 meses nos Centros de Educação Infantil (CEIs), foram selecionadas as Unidades CEI Vila Ernestina, CEI Vila Império, CEI CEU Alvarenga e CEI CEU Caminho do Mar. Já para receber as crianças e adolescentes de 4 a 14 anos, o atendimento coube à EMEF Bernardo O´Higgins, CEU Alvarenga e CEU Caminho do Mar
Abaixo, veja a visão dos coordenadores dos polos, acerca do projeto:
CEI Vila Ernestina
Luciana Jorge, coordenadora do polo do CEI Vila Ernestina, falou sobre as experiências sensoriais com os bebês e a afetividade criada no período:
“Apoiado no Currículo da Cidade da Educação Infantil, o Recreio nas Férias possibilita o brincar de maneira lúdica, inserindo a vivência do novo para essas crianças. Além do brincar, outro fator importante é a afetividade. As crianças têm que ter um bom acolhimento para que elas criem uma experiência afetiva e consigam se sentir pertencentes ao território”.
Criança brincando na areia no CEI Vila Ernestina.
CEI Vila Império
Seguindo a mesma linha de raciocínio de Luciana Jorge, do CEI Vila Ernestina, Josilene dos Santos, coordenadora do polo do CEI Vila Império, valorizou as atividades lúdicas com os bebês e o laço de afetividade criado. Porém, ela acabou destacando principalmente a escuta ativa das vontades das crianças, ressaltando que elas também têm vontades próprias.
“Todos os planos têm uma intencionalidade nas atividades, mas vamos proporcionando cada brincadeira conforme a vontade dos bebês. Ou seja, colocamos a escuta ativa em prática para sabermos o que eles querem. Nós damos espaço para que eles decidam do que querem brincar naquele momento e, em cima da intenção, modificamos o planejamento da melhor maneira possível para atender as vontades deles”, relatou.
Crianças brincando no CEI Vila Império.
CEI CEU Alvarenga
No caso do CEI do CEU Alvarenga, a diretora Iara Marques Bernardes destacou que, principalmente na Educação Infantil, o cuidar e o educar são indissociáveis:
“As pessoas que frequentam o Recreio nas Férias estão inseridas em comunidades muito carentes, em que os familiares têm que trabalhar e precisam deixar as crianças com alguém. E, aqui, elas aprendem brincando, devido à intencionalidade das nossas ações, já que cada brincadeira que passamos tem um cunho pedagógico por trás”.
Crianças brincando com tinta no CEI CEU Alvarenga.
Auxiliar de Coordenador Pedagógico, Lilia Cristina de Assis Lima complementou o pensamento da colega ao ressaltar a importância da socialização com outras crianças.
“O fato de a criança ter que se adaptar a um novo ambiente é muito positivo, porque gera um aprendizado enorme e desenvolve a socialização, fator que vai ser fundamental no futuro”, afirmou.
CEI CEU Caminho do Mar
Polo coordenado por Natália Albuquerque, o CEI Caminho do Mar apresentou propostas como visitas de artistas de teatro, ao circo, disponibilizou brinquedos infláveis, oficinas de leitura e de pintura, além de brincadeiras com água. Para Natália, no entanto, apesar dela afirmar que todos os dias estão sendo mágicos, sempre com uma nova surpresa, o ponto principal do Recreio é a ajuda às crianças carentes:
“Saber que nenhuma criança está vulnerável ou passando por dificuldades é o mais gratificante. Elas estão sendo bem cuidadas pela nossa equipe, que valoriza o zelo, o carinho, o cuidado e a alimentação desses bebês que nem sempre têm as mesmas condições em suas casas”.
Crianças do CEI CEU Caminho do Mar brincando com água.
EMEF Bernardo O'Higgins
Assim como Natália Albuquerque, coordenadora do polo do CEI CEU Caminho do Mar, Cláudio Augusto dos Santos, coordenador do polo da EMEF Bernardo O’Higgins, comentou sobre as atividades que tem feito com as crianças. Visita ao SESC Interlagos, ao museu, ao circo, apresentações culturais, brincadeiras com água e teatro foram só alguns exemplos. Além disso, ele pontuou o papel do Recreio na Férias para aumentar o gosto das crianças pelo estudo:
“Aqui no Recreio, as crianças estão tendo oportunidades que, provavelmente, não teriam acesso. E eu sempre falo que elas têm que estudar, porque eu acredito que o Recreio nas Férias influencia diretamente no gosto de frequentar a escola e estudar mais. Eu quero ser um exemplo para que elas estudem e tenham um futuro brilhante, porque, hoje, elas estão tendo a oportunidade de se formar na escola e ter o poder de escolha no futuro”.
Crianças da EMEF Bernardo O’Higgins brincando com água.
CEU Alvarenga
Para Reinaldo Ângelo de Oliveira, coordenador do polo do CEU Alvarenga, o Recreio nas Férias é uma válvula de escape das crianças carentes da periferia. Assim como Iara Marques Bernardes, diretora do CEI CEU Alvarenga, ele afirmou que é uma oportunidade única para que elas possam brincar e se divertir no intervalo das férias:
“O Recreio é uma ferramenta para as crianças poderem aprender e desenvolver a cultura popular do movimento, ou seja, tirar elas da televisão e do celular para poderem brincar ao ar livre e fazerem atividades que vão contra a obesidade e o sedentarismo. O Recreio é o ‘braço direito’ da comunidade e precisa continuar sendo feito”.
Crianças do CEU Alvarenga jogando ping pong.
Sua assistente, Eliana Santos, corroborou com a ideia do coordenador e destacou o valor que as famílias dão:
“É muito gratificante ver a gama de atividades que as crianças podem usufruir, elas ficam encantadas. E, para os familiares, é um programa maravilhoso que auxilia muito, já que, às vezes, eles têm que trabalhar e não têm com quem deixar as crianças, ou até mesmo trazem elas para comer porque não tem comida em casa”.
CEU Caminho do Mar
Andrea Bernardes Teixeira, coordenadora do polo, valorizou a importância da alimentação saudável, instituída através de nutricionistas contratados pela SME, e a diversidade de atividades propostas, como circo, teatro, oficina de rádio, brincadeiras com água, City Tour e visita ao SESC Interlagos. Porém, para ela, o ponto mais importante do Recreio é a oportunidade das crianças não terem as responsabilidades que costumam ter no cotidiano:
“É muito prazeroso ver o ‘brilho nos olhos’ deles durante as atividades que eles não têm no dia-a-dia. Para as crianças, o Recreio é um momento em que elas podem voltar a serem crianças sem responsabilidades. A realidade de muitas delas é difícil, algumas de 10 anos têm que cuidar do irmão mais novo, por exemplo. Aqui, elas não precisam ter esse compromisso. Só precisam se preocupar em brincar e serem crianças”.
Clube de xadrez do CEU Caminho do Mar durante o Recreio nas Férias.
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