top of page
Foto do escritorDIPED SANTO AMARO

DRE-SA realiza encontros digitais na Semana de Conscientização do Autismo

A fim de celebrar o Abril Azul, os setores CEFAI e DIPED promoveram diversos diálogos sobre as necessidades e direitos dos autistas

Capa de apresentação dos encontros virtuais promovidos pela DRE-SA na Semana de Conscientização do Autismo.


Objetivando celebrar o Abril Azul, a Diretoria Regional de Santo Amaro (DRE-SA), através do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI) e da Divisão Pedagógica (DIPED),  realizou diversos diálogos em encontros virtuais para promover conhecimento sobre as necessidades e direitos das pessoas portadoras de Transtorno do Espectro Autista (TEA). 


Tais encontros ocorreram em 4 dias diferentes na Semana de Conscientização do Autismo. No primeiro dia, esteve presente a fonoaudióloga Adriana Artagoitia, da Equipe do Núcleo Multidisciplinar. Já no segundo e terceiro dias, falaram as nutricionistas da Coordenadoria de alimentação escolar (CODAE), Helena Maria Novaretti e Lígia Cardoso dos Reis. No quarto e último dia, a convidada foi a psicóloga Camilla Brandão de Moura, também da Equipe do Núcleo Multidisciplinar.


Especialistas no assunto, as profissionais abordaram os mais diversos temas, como a dificuldade da comunicação, seletividade alimentar e como lidar com situações de desregulação emocional de pessoas com TEA.



A comunicação é um fator essencial para o desenvolvimento de todo ser humano. No entanto, algumas pessoas com TEA podem possuir certa dificuldade para conseguir se expressar através da comunicação oral tradicional. Nesse sentido, Adriana falou sobre essa dificuldade da fala, a qual pode variar entre casos leves e graves.


“Atrasos na aquisição e desenvolvimento da linguagem são comuns em indivíduos com TEA”.


“Na falta de acesso a uma comunicação eficaz, indivíduos com necessidades comunicativas complexas são condicionados a viver suas vidas com mínimos meios para expressarem suas necessidades e desejos, além de desenvolverem suas relações sociais”, completou.


Fonoaudióloga Adriana Artagoitia, da Equipe do Núcleo Multidisciplinar, em sua exposição sobre a relação entre a Fonoaudiologia e pessoas com TEA.


A fonoaudióloga ainda informou que cerca de 30% das pessoas com TEA não desenvolvem uma linguagem verbal complexa para realizar a comunicação com outras pessoas. 


Como alternativa para facilitar a comunicação nos vários contextos comunicativos, Adriana apresentou a Comunicação Alternativa Aumentativa (CCA) para ser, segundo ela, um “parceiro comunicativo”. Através de desenhos, cartazes, cartões, aplicativos e livros, a proposta está sempre em busca da verbalização e de uma fala articulada e precisa.


“Mesmo que o indivíduo não entenda de forma integral o que esta ali, ele pelo menos se acostuma com aquele jeito de se comunicar”, finalizou.



As nutricionistas do CODAE, Helena Maria e Lígia, abordaram diretrizes da alimentação saudável, alguns aspectos acerca do cenário de alimentação em que se encontram as famílias brasileiras e, por fim, o que faz uma criança comer bem. Para isso, elas usaram como referência os livros “Guia Alimentar para a População Brasileira” e “Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”, ambos do Ministério da Saúde.


Atualmente, a alimentação saudável é um grande desafio. Assim, as especialistas citaram alguns obstáculos para isso, como a publicidade massiva de alimentos ultraprocessados, a configuração dos ambientes alimentares e a sobrecarga existente no número de tarefas dos familiares no cotidiano, que acabam optando pelo caminho “mais rápido” por conta da falta de tempo, o qual nem sempre é o mais saudável. 


Elas ainda chamaram a atenção para o fato de que fatores como a identidade visual chamativa e das embalagens e o atrelamento à felicidade acabam dificultando ainda mais a ingestão de alimentos saudáveis.


Helena Maria Novaretti, nutricionista do CODAE, apresentando sobre a formação do paladar infantil.


A partir disso, deram algumas sugestões sobre o que faz uma criança comer bem. Os exemplos variaram desde o período da introdução alimentar, em que a formação do repertório e dos bons hábitos alimentares devem ser bem feitos, até a ambiência do refeitório e o uso apropriado de utensílios. Além disso, também destacaram a importância de um horário regular para as refeições, do aleitamento materno e também da forma de apresentação dos alimentos, a qual deve gerar curiosidade na criança para facilitar a ingestão.



As nutricionistas do CODAE, Helena Maria e Lígia, voltaram a apresentar nos encontros digitais da DRE-SA e definiram a seletividade alimentar como a rejeição de uma elevada variedade de alimentos, incluindo aqueles regularmente consumidos por membros da família. No que diz respeito aos autistas, elas mostraram um estudo que apontou que, em 2023, foram constatados 828 laudos de TEA associados à seletividade alimentar:


“As crianças neuroatípicas têm uma porcentagem maior de seletividade alimentar, cerca de 89%. Mas isso não é uma regra. É importante destacar que nem todos os autistas são seletivos e nem todas as crianças com seletividade estão no espectro autista”, afirmou Helena.


A nutricionista ainda ressaltou que pessoas autistas podem apresentar comportamentos inesperados durante as refeições pela dificuldade de relatar seus incômodos, relacionando a questão da dificuldade de comunicação com o que a fonoaudióloga Adriana explicou no 1° Dia dos encontros.


“O processo de introduzir alimentos na dieta de uma criança com seletividade é demorado. É preciso ter paciência. Depois de oferecer várias vezes, ela interage com o alimento, brinca, cheira, toca e só depois experimenta para ver o gosto”, disse Lígia.


Lígia Cardoso dos Reis, nutricionista do CODAE, falando sobre seletividade alimentar.


Valorizando o papel das escolas nesse processo, Lígia propôs algumas sugestões para auxiliar as crianças com seletividade alimentar. Na lista, ela enfatizou a criação de oficinas culinárias e degustação, assim como hortas pedagógicas no terreno da Unidade, a promoção de vivências sensoriais para aflorar a curiosidade sobre aquele alimento e a apresentação dos alimentos presentes no cardápio.



No último dia dos encontros virtuais, a psicóloga Camilla expôs como lidar com as pessoas que têm este transtorno em ocasiões de crise. Ela definiu desregulação emocional como a incapacidade de gerenciar a intensidade e duração de emoções, como estresse, frustração e ansiedade, sendo importante diferenciar a crise de uma suposta birra.


“No caso de pessoas com TEA, as crises são mais frequentes quando estão expostas a vários estímulos sensoriais, não sabendo lidar com tantas informações ao mesmo tempo. Isso acaba gerando um sentimento de desespero nelas, por isso entram em crise”, afirmou.


Camilla Brandão de Moura, psicóloga da Equipe do Núcleo Multidisciplinar, explicando o que fazer quando pessoas com TEA estão em situação de desregulação emocional.


As crises podem ser identificadas a partir de alguns sinais, como gritos, enjôos, choros, tremores, xingamentos e até mesmo comportamentos que podem ferir a si ou a outras pessoas. Para lidar com essas situações, Camilla explicou que o primordial é ter calma para agir e perceber que o que faz realmente a diferença é agir antes que a criança se desregule, identificando quando a situação está piorando. 


A psicóloga finalizou a apresentação dando algumas sugestões para as pessoas lidarem com essas crises. Artifícios como o pote da calma, soprar bolhas de sabão e massa de modelar foram alguns exemplos, além de técnicas de respiração profunda para acalmar a criança com TEA.



André Martinez

Estagiário de Jornalismo

76 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page